O que é a Úlcera de Córnea?
A úlcera corneana é definida como a presença de um defeito epitelial associado à inflamação corneana que pode levar à necrose estromal e perfuração. O rápido diagnóstico e tratamento são de extrema importância para evitar complicações como opacidade e cicatriz corneana, glaucoma, catarata, melting e perfuração corneana levando à perda visual, sendo considerado uma emergência oftalmológica.
Classificando a Úlcera de Córnea
A Úlcera de Córnea pode ser classificada como infeciosa (mais comum) ou não-infecciosa. As causas não-infeciosas são autoimune e associado a doenças sistêmicas. A infecção bacteriana é a etiologia mais comum, sendo Staphylococcus aureus, Staphylococcus coagulase negativo e Pseudomonas aeruginosa as bactérias mais comumente envolvidas. Herpes simples, herpes zoster e citomegalovírus são os vírus mais comumente associados e Aspergillus, Fusarium, Scedosporium apiospermum, Phaeohyphpmycetes e Candida albicans os fungos mais associados. Outra causa rara, mas muito grave, é a infecção por Acanthamoeba, um protozoário de vida livre, encontrado no solo e na água.
Os principais mecanismos de defesa dos nossos olhos são as pálpebras, cílios e a lágrima. A produção e drenagem da lágrima tem um papel importante na remoção mecânica de patógenos da superfície ocular e o muco produzido pelas células caliciformes da conjuntiva são responsáveis por capturar microorganismos que serão removidas pelo filme lacrimal. Além deste papel mecânico, a lágrima contém mais de 500 tipos de fatores com atividade antimicrobiana. Dessa forma, qualquer alteração nesses mecanismos de defesa podem aumentar o risco de infecção ocular.

Úlcera de Córnea: fatores de risco
Os fatores de risco mais comumente associados são: uso de lentes de contato, trauma, uso de colírios contaminados, doenças da superfície ocular, cirurgia corneana prévia, doenças sistêmicas que cursam com imunossupressão (diminuição da imunidade) e algo que cause falha nos mecanismos de defesa previamente descritos, como olho seco e obstrução do canal lacrimal. Dentre os fatores associados a lente de contato os mais relacionados a ceratite infecciosa são: dormir de lente – aumenta em 10 a 15% –, não respeitar o tempo de troca da lente, uso de produtos contaminados ou inadequados para limpeza das lentes e estojo, nadar com as lentes, contato de água ou soro fisiológico, falta de acompanhamento com seu oftalmologista.
Sintomas da Úlcera de Córnea
O paciente com úlcera infecciosa apresenta dor, lacrimejamento, sensação de corpo estranho, fotofobia (aversão a luz), piora da visão, eritema (vermelhidão) e edema das pálpebras e conjuntiva. O diagnóstico etiológico é realizado através da cultura do raspado da lesão, secreção ocular ou lente de contato, otimizando o tratamento previamente iniciado. O uso intensivo de antimicrobianos é o padrão-ouro no tratamento das ceratites infecciosas, no entanto, apesar do correto diagnóstico e tratamento, a falência do tratamento pode ocorrer, sendo muitas vezes necessário lançar mão de terapias adjuvantes, como uso de corticoide, debridamento mecânico, cross-linking, cola de cianoacrilato, recobrimento conjuntival, transplante de membrana amnióticoica ou transplante de córnea tectônica (de emergência).
A membrana amniótica é a camada mais interna das membranas fetais da placenta. Além de ser imunologicamente inerte (não gera rejeição), apresenta propriedade anti-inflamatória. Pode ser usada para reconstrução corneana, em casos de deficiência límbica, ceratopatia bolhosa, úlcera corneana e perfuração ou para reconstrução conjuntival, como na cirurgia de pterígio, exérese de tumores e simbléfaro (adesão das palpebras ao globo ocular).
Úlcera de córnea: tratamento
Em casos de ceratite infecciosa não-responsiva ao tratamento, na iminência ou perfuração corneana pode ser necessário realizar transplante corneano penetrante de emergência visando manter a estrutura do globo ocular. No entanto, em comparação ao transplante eletivo, apresenta risco aumentado de complicações pós-operatórias, como rejeição, glaucoma e pior recuperação visual. O transplante de córnea tectônica tem o objetivo de restaurar a integridade do globo ocular e ao contrário do transplante penetrante de córnea óptico (eletivo), para a reabilitação da visual pode ser necessário um segundo transplante.
Dessa forma, o rápido diagnóstico e tratamento são essenciais para evitar complicações e ter um melhor prognóstico (boa recuperação). Prevenir é sempre melhor, então cuide de suas lentes e da sua saúde ocular. Além disso, é sempre importante lembrar dos sinais de alerta: dor ou piora da visão, são sinais de problemas oculares graves, e uma consulta com seu oftalmologista é mandatória!
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