O que preciso saber antes de operar a Catarata?
Catarata é a opacificação do cristalino que é a lente que fica dentro do olho. Pode ser relacionada a idade, a doenças sistêmicas (como diabetes e dermatite atópica), a medicamentos (como o corticoide), a patologias oculares (como uveíte), ao trauma ou ser congênita.
Fatores de risco e sintomas da Catarata
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de catarata são: fumo, álcool, radiação ultravioleta e uso de corticoide.
Os sintomas associados a catarata são: piora da visão, alteração da sensibilidade ao contraste, visão dupla, perda da visão de profundidade (visão 3D ou esteropsia).
A indicação cirúrgica ocorre quando o prejuízo da visão e de sua qualidade suplantam os riscos da cirurgia ou em algumas doenças específicas, como glaucoma induzido pela catarata ou catarata que impossibilite realizar o exame de fundo de olho adequadamente e assim, impossibilite o adequado acompanhamento de doenças da retina ou do nervo óptico.
Exames necessários para a realização da Cirurgia de Catarata
Antes da cirurgia é necessário exames complementares, abaixo coloco a explicação de todos os exames que podem ser pedidos, ou seja, não necessariamente deverão ser realizados todos esses.
- Biometria óptica: usada para o cálculo da lente intraocular que será implantada
- Microscopia Especular: usada para avaliar a saúde do endotélio (camada mais posterior da córnea, avalia a contagem de células presente nessa camada e avalia a forma delas, mostrando se o endotélio é saudável e suporta a cirurgia de catarata
- Mapa paquimétrico: avalia a espessura da córnea em toda sua extensão. Esse estudo é importante em pacientes com distrofia de Fuchs (doença que acomete o endotélio corneano) e com ele podemos ter uma previsão melhor se será necessário realizar o transplante de córnea lamelar posterior associado a cirurgia de catarata em pacientes que já apresentam alterações subclínicas da doença.
- Topografia corneana: avalia a superfície da córnea, vendo se ela é regular e avalia melhor o astigmatismo: exame importante na avaliação de lentes premiuns (correção da presbiopia e astigmatismo)
- Exame de fundo de olho minucioso com mapeamento de retina: descartar doenças da retina que precisem de tratamento prévio a cirurgia de catarta
- Tomografia de coerência óptica de região macular: descartar doenças da retina que contra indiquem implantar lentes premiuns.
- Ecografia ocular: nos casos em que a catarata é muito densa e a retina não pode ser avaliada por outros meios

Além disso precisamos preparar o olho para a cirurgia: tratar o olho seco e a blefarite (inflamação crônica das pálpebras) para reduzir o risco de infecção ocular após a cirurgia.
E agora, qual lente escolher?
Após a retirada da catarata é implantado uma lente intraocular. Existem no mercado muitas lentes disponíveis e ela é escolhida conforme o seu perfil, desejo e expectativas.
- As lentes monofocais corrigem a miopia (grau negativo) ou hipermetropia (grau positivo).
- As lentes tóricas além da miopia ou hipermetropia, corrigem também o astigmatismo.
- As lentes multifocais corrigem o grau de longe e de perto (presbiopia).
Existem vários tipos de lentes multifocais: lentes que priorizam a visão de perto, de longe ou de longe e média distância. É importante ter a expectativa alinhada com a realidade destas lentes e saber que a visão de quando se é jovem não é igual a visão com as lentes multifocais. Essas lentes visam diminuir a dependência aos óculos, mas para algumas situações específicas eles podem ser necessários. Também é importante saber que para atingir o melhor resultado pode ser necessário mais de uma cirurgia, como implante de outra lente intraocular ou cirurgia a laser.
Como saber se posso implantar uma lente multifocal (premium)?
Se você apresenta essas características você é um bom candidato:
- Deseja ficar menos dependente dos óculos;
- Não ser perfeccionista;
- Ser uma pessoa positiva, com uma personalidade tranquila;
- Aceita e entende que não terá uma visão 100% para todas as distâncias;
- Entende que pode ser necessário mais de uma cirurgia;
- Apresenta grau alto ou moderado de hipermetropia ou de miopia;
- Não apresenta nenhuma outra doença ocular.
Se você não se importa em usar óculos, é perfeccionista, deseja a melhor visão possível, depende de visão noturna e de média distância ou possui um grau pequeno de miopia você não é um bom candidato para as lentes multifocais.
Para a decisão deve ser levado em conta seu trabalho, atividades de lazer, tempo dedicado a cada atividade e expectativas. Sempre falo que uma cirurgia é um casamento, sendo assim estaremos juntos para todos os momentos, sendo muito importante a confiança e trabalho em equipe.
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Referências
Roger F Steinert – Cataract Surgery, Technique, Complications and Manegement
Flávio Rezende – Cirurgia de Catarata 3ª Edição
CBO, Série de Oftalmologia Brasileira – Doenças Oculares Externas e Córnea
CBO, Série de Oftalmologia Brasileira – Catarata
American Academy of Ophthalmology – Lens and Cataract
Kanski, Jack J. – Oftalmologia clínica, 2012
Braga-Mele R, Chang D, Dewey S, et al; ASCRS Cataract Clinical Committee. Multifocal intraocular lenses: relative indications and contraindications for implantation. J Cataract Refract Surg. 2014;40:313‒322.